Alopecia frontal fibrosante: sinais, causas e tratamento

A alopecia frontal fibrosante (AFF) é uma doença de desenvolvimento lento e progressivo que acomete principalmente mulheres após a menopausa. Porém ultimamente cada vez mais ela tem sido observada em mulheres mais jovens e também em homens. 

Este problema de saúde é caracterizado como um tipo de alopecia cicatricial, ou seja, que leva à perda irreversível de pelos, principalmente na borda anterior do couro cabeludo (próximo à testa) e sobrancelhas. 

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Como a queda de cabelo da AFF é definitiva, é extremamente importante que o diagnóstico seja o mais rápido possível para estabilizar a doença na sua fase inicial, quando a queda de cabelo ainda é mínima.

Se você está percebendo que o seu cabelo está ficando ralo próximo à testa, dando a sensação de que a testa está “subindo” ou está notando que a sua sobrancelha está ficando mais rala, continue lendo esse artigo para saber mais sobre a alopecia frontal fibrosante, suas causas, sinais e tratamento mais adequado.

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Saiba mais sobre a alopecia frontal fibrosante

A alopecia frontal fibrosante é relativamente recente. 

Ela foi descrita na literatura médica pela primeira vez na década de 1990. Nesta época, este tipo de alopecia era rara. Entretanto, atualmente é cada vez mais comum encontrar pessoas com esse diagnóstico.

Normalmente, a AFF atinge o couro cabeludo e as sobrancelhas, mas, além destas duas regiões, a doença pode acometer também os pelos do corpo, cílios e a penugem da face.

A AFF é um tipo peculiar de queda de cabelo, pois ela atinge áreas específicas do couro cabeludo. A região que mais sofre com a AFF é a linha da frente dos cabelos, mas, diferente da calvície masculina, ela não forma as famosas entradas, visto que atinge toda a área frontal do couro cabeludo, inclusive as costeletas.

De maneira prática podemos dizer que, gradualmente, a AFF joga toda a linha dos cabelos para trás.

Veja, a seguir, 3 pontos importantes sobre a alopecia frontal fibrosante.

1. Causas da alopecia frontal fibrosante

Ainda não se sabe exatamente o que causa a alopecia fibrosante frontal.

Porém já existem evidências que apontam para uma predisposição genética para o problema. Um grande estudo que avaliou pacientes portadores de AFF e comparou com a população normal na europa observou 4 genes que são mais comuns entre os portadores de AFF.1  

O nosso grupo de pesquisa da Universidade Estadual de São Paulo – UNESP realizou um estudo em uma família em que seis entre oito irmãs apresentavam o diagnóstico de AFF. Também observamos a presença de alguns genes em frequência maior do que o esperado na população geral. Esse trabalho foi publicado na Jornal da Academia Europeia de Dermatologia (JEADV).2

Porém, a predisposição genética não explica o motivo do aumento progressivo de casos que estamos observando. Esse rápido aumento levanta a possibilidade que algum elemento externo esteja desencadeando a doença em pessoas predispostas. Contudo, essa hipótese ainda não foi comprovada. 

Tentando compreender melhor possíveis elementos ambientais associados à AFF, realizamos um grande estudo que reuniu diversos pesquisadores aqui do Brasil. Quatrocentos e cinquenta e um participantes com AFF e 451 pessoas sem a doença foram entrevistados. Nosso objetivo era identificar quais diferenças comportamentais e de exposição poderiam haver nos dois grupos. 

Entre os achados, destaca-se a associação da AFF com o uso de alisantes capilares com formol e de cremes faciais. Porém é importante salientar que ainda não temos dados para dizer que esses elementos são fatores causais da AFF. Esse estudo foi publicado no Jornal da Academia Americana de Dermatologia – JAAD.3 

Como a alopecia frontal fibrosante atinge, na maioria das vezes, mulheres acima dos 50 anos, acredita-se que elementos hormonais, causados principalmente pela menopausa, possam ter alguma influência no quadro.

2. Sinais da alopecia frontal fibrosante

Embora os sinais da alopecia fibrosante frontal sejam bastante característicos, tais manifestações podem ser confundidas com as de outros tipos de alopecia.

A queda de cabelos na região próxima à testa e nas sobrancelhas é o sinal mais característico da AFF. 

Além das áreas de alopecia, a AFF pode levar a alterações na pele do rosto, como manchas acastanhadas e pequenas bolinhas da cor da pele, que deixam a pele com aspecto mais áspero.

3. Tratamento para alopecia frontal fibrosante

Como eu expliquei para você anteriormente, a AFF leva a um dano permanente na raiz do cabelo. Por isso, o tratamento não tem o objetivo de recuperar a área já atingida, mas sim, estabilizar a evolução da doença.

Podem ser usados medicamentos por via oral, tipicamente no couro cabeludo ou aplicações com injeções. No vídeo abaixo, falo a respeito dos principais medicamentos utilizados no tratamento da AFF. 

Saiba mais sobre os tratamentos para a alopecia frontal fibrosante.

O transplante capilar, muito utilizado para tratamento de pacientes que sofrem com calvície, não costuma ser uma opção interessante para a alopecia frontal fibrosante. Infelizmente a maioria das pacientes com AFF que submetem-se ao transplante capilar tem perda dos fios transplantados em poucos anos.

Caso você tenha percebido queda de cabelo, principalmente na região acima da testa e nas costeletas, bem como rarefação das sobrancelhas, não deixe de consultar o seu dermatologista.

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Referências

  1. Tziotzios C et al. Genome-wide association study in frontal fibrosing alopecia identifies four susceptibility loci including HLA-B*07:02. Nat Commun. 2019 
  1. Müller Ramos P, Garbers LEFM, Silva NSB, Castro CFB, Andrade HS, Souza AS, Castelli EC, Miot HA. A large familial cluster and sporadic cases of frontal fibrosing alopecia in Brazil reinforce known human leucocyte antigen (HLA) associations and indicate new HLA susceptibility haplotypes. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2020 Oct;34(10)

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/jdv.16629

  1. Müller Ramos PM, Anzai A, Duque-Estrada B, Farias DC, Melo DF, Mulinari-Brenner F, Pinto GM, Abraham LS, Santos LDN, Pirmez R, Miot HA. Risk factors for frontal fibrosing alopecia: A case-control study in a multiracial population. J Am Acad Dermatol. 2021 Mar;84(3):712-718

https://www.jaad.org/article/S0190-9622(20)32472-5/fulltext

Dr. Paulo Müller Ramos

Dr. Paulo Müller Ramos

Dermatologista | CRM/PR: 21646 | RQE: 182

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